domingo, 19 de maio de 2013



Lebasi

Isabel tem uma buchinha de papel na parte que corresponde as lembranças, e descobriu que não adianta molhar. Evitou uns dias ouvir histórias de sua avó nas noites de chuva, enquanto comia suas cinco bolachas contadas; nessa noite sua avó errou no cálculo, e uns comeram sete, outros três; seria melhor errar na contagem do que na educação de sua neta, que não compareceu.

Isabel ainda criança adquiriu o hábito de pensar, captando desde palavras a focos de luz, que olhava fixamente, disputando piscadas de olhos e perdendo sempre; logo cedo organizou seu material, caso fizesse sol ou chuva. Produzia seus cadernos, de modo a escrever com as duas mãos; quando pequena lhe ensinaram a escrever com a mão direita, mesmo sendo canhota; sem perder tempo viu outra possibilidade de se divertir. Mesmo sendo limitada ao espaço, inverteu sua criatividade e se fechou em pensamentos, com o tempo foi deixando de lado os amiguinhos de sua idade. Aos 15 anos, sentiu que as crianças havia lhe abandonado, pois não ouvia mais vozes infantis; quando olhando pra uma folha caindo e afundando em uma poça d’água, entendeu que se adaptou a sua própria voz no pensamento, e que ela não era mais uma criança. Correu pra casa de sua avó, sem perceber traçou o mesmo caminho, só que agora com sinal negativo, buscando a chuva e o tempo que não sabia se julgava perdido ou não.

                                                                                  Cintya Thaís-19/05/13-

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